Homens ao mar

Na sequência do post anterior, completando-o, e de alguns comentários que, aqui e em outros blogs, têm surgido:



Perguntam-me frequentemente se sou um fiel da Fraternidade Sacerdotal de São Pio X. Tenho sempre respondido que não, que sou um fiel da Igreja Católica Apostólica Romana. De facto, existe uma grande confusão em certos espíritos, quer internos quer externos à FSSPX, no que respeita à sua posição e à da própria Fraternidade face aos problemas que o Cristianismo enfrenta, enveredando por uma posição separatista. Esta posição absolutamente condenável, que é hoje mais uma opção e não tanto uma imposição, tem vindo a ser o grande sinal visível do que outrora era um sedevacantismo disfarçado, agora propenso a uma tentativa - voluntária ou não, consciente ou simples ilusão demoníaca – de cisma.


 


Aqueles que saem da Fraternidade na sequência do levantamento das excomunhões e inicio das conversações doutrinais, apresentam todos estes sintomas. Acham que a Igreja está toda ela, salvo raras excepções ("sedevacantistas, que são, via de regra, bons católicos, verdadeiros tradicionalistas-tradicionalistas"), conservada dentro dos muros do reduto da FSSPX. Enganam-se e deixam-se enganar neste disparate obsessivo de quem já não consegue ver nada de bom da parte de Roma, e que tenta levar a Fraternidade ao fundo do mais profundo abismo. Consideram que a Santa Sé se transformou literalmente em um anticristo, sem tirar nem pôr, virtude da linha modernista que desgraçadamente a tem dominado desde ainda antes do CVII.


 


Ao abandonarem a Fraternidade fazem-no da forma mais indigna: murmuram enquanto fecham a porta. Como marinheiros que, descontentes com a rota tomada, preferem atirar-se ao oceano em vez de tentarem auxiliar o homem do leme a encontrar nos astros o caminho certo para o destino tão esperado. Homens que não percebem que há uma única caravela capaz de ultrapassar a tempestade, escolhendo que um qualquer pirata lhes lance depois uma bóia de salvação envenenada. O pior é que levam outros para morrer consigo… Só assim se compreende que até a simples possibilidade de se criar uma Una Voce em Portugal cause tanta cólera e seja tida como um ataque à FSSPX. E só assim se justifica que, mesmo doendo, mais valha deixar uns quantos a boiar em mar alto do que permitir-lhes furar o pequeno bote em que a Barca de São Pedro está a resgatar os que injustamente tinha jogado às águas.


 


Os velhos do Restelo cavam a própria sepultura quando, ficando em terra, desmoralizam a armada de Cristo. Que se atirem pois borda fora e nadem, se conseguirem, até à praia insular em que ele ficou. Padre Ceriani espera-vos.

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publicado por Afonso Miguel às 00:06 | link do post | comentar