Sábado, 22.03.14

"Hy Brasil"

Deambulando entre livros, reencontro o Messianismo Português - edição da Fundação Lusíada que reúne textos de um colóquio realizado em Coimbra, 2004 - em que, a páginas tantas, se lê de Pedro Sinde:

 

Para o celta, como temos vindo a ver, numa das suas vertentes, o Outro Mundo ficava localizado a Ocidente, no meio do Oceano Atlântico. É de lá que vêm as fadas para levar Artur ferido de morte. Era uma ilha onde não havia morte, nem dor, a terra da eterna juventude, chamavam-lhe, numa das designações, Hy Brasil. Não deixa de ser espantoso que os portugueses tenham chamado Brasil à Terra de Vera Cruz. Esta ilha já aparecia na cartografia do século XIV (portulano de Medici) muito antes da descoberta do que viria a ser o Brasil. É costume atribuir-se a designação do Brasil ao pau vermelho, todavia é uma explicação à economista. A coincidência da nome da ilha celta, situada a ocidente, paraíso terreal, em pleno Atlântico, com o nome posteriormente dado ao Brasil e a coexistência do próprio Brasil a Ocidente não pode deixar de nos impressionar e de levar a pensar numa identificação clara do Brasil com o paraíso terreal celta.

publicado por Afonso Miguel às 22:43 | link do post | comentar
Sexta-feira, 13.07.12

Nietzsche era ateu?


 


Em A Origem da Tragédia, no Tentame de Autocrítica que Nietzsche escreve dezasseis anos depois da primeira edição:



(...) a existência do mundo não se pode justificar senão como fenómeno estético. Efectivamente, no fundo de tudo quanto existe, este livro não reconhece senão um pensamento patente ou oculto de artista. O pensamento de um «Deus», se quiserem, mas, neste caso, um deus puramente artista, absolutamente liberto do que se chama escrúpulo ou moral, para quem a criação ou a destruição, o bem ou o mal, sejam manifestações do seu arbítrio indiferente e da sua omnipotência; que se desembarace, ao fabricar os mundos, do tormento da sua plenitude e da sua pletora, que se liberte do sofrimento dos contrastes acumulado em si próprio. O mundo, a objectivação libertadora de Deus, em consumação perpétua e renovada, tal como visão eternamente mutante, eternamente diferente, de quem é portador dos sofrimentos mais atrozes, dos conflitos mais irredutíveis, dos contrastes mais perfeitos, de quem não pode emancipar-se nem libertar-se senão na aparência: eis a metafísica do artista.


publicado por Afonso Miguel às 12:11 | link do post | comentar
Terça-feira, 10.07.12

A decadência pela transmutação de todos os valores


 


Lendo este pedaço do "Anti-cristo" de Nietzsche, como dizer que não nos tornámos nietzschianos?



11. Uma palavra ainda contra Kant enquanto moralista. Uma virtude deve ser nossa invenção, nossa defesa e nossa necessidade pessoais: tomada em qualquer outro sentido, não passa de um perigo. Aquilo que não é uma condição vital é prejudicial à vida: uma virtude que não existe senão por causa de um sentimento de respeito pela ideia de «virtude», como Kant a queria, é perigosa. A «virtude», o «dever», o «bem em si», o bem com o carácter da impersonalidade, do valor geral - quimeras onde se exprime a degenerescência, o último enfraquecimento da vida, a chinesice de Conisberga. As mais profundas leis da conservação e do crescimento exigem o contrário: que cada um inventa a sua própria virtude, o seu imperativo categórico. Um povo perece quando confunde o seu dever com a concepção geral do dever. Não há nada que arruíne mais profundamente, mais radicalmente, do que o dever impessoal, o sacrifício perante o deus Moloch da abstracção. (...)


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Quinta-feira, 28.04.11

Discutir o integralismo - próximo Sábado

publicado por Afonso Miguel às 19:32 | link do post | comentar
Segunda-feira, 11.04.11

Novidade

A Cigarrilha de Chesterton aparece em boa hora! Promete preencher uma grave lacuna na blogosfera portuguesa no que concerne à divulgação da teoria económica distributista. E digo que promete porque o leque de escribas é de alta categoria. Permitam-se distinguir dois que, com provas dadas, me garantem qualidade acima da media: o amigo JSarto, insigne defensor da Tradição Católica e da boa Doutrina Social da Igreja; o correligionário Manuel Pinto de Resende, importante representante do sempre jovial espírito integralista.


 


Vão lá, pois, passar os olhos, que vale muito a pena.

publicado por Afonso Miguel às 13:42 | link do post | comentar | comentários (1)
Terça-feira, 29.03.11

As coisas que me vêm parar às mãos


(dois preciosos números da revista Nação Portuguesa, quando da direcção de António Sardinha, mais boletim de assinatura e carta aos leitores)

publicado por Afonso Miguel às 22:50 | link do post | comentar | comentários (5)
Segunda-feira, 05.07.10

Realeza social de Maria


 


Um dia volvido da memória litúrgica da Rainha Santa Isabel, mulher que elevou Avis e Portugal às maiores virtudes e obras de misericórdia, nada melhor do que rever estas palavras de D. Lefebvre, pela actualidade e urgência da verdade que contêm. Dizia a filosofia grega que precisamos de reis filósofos; aponta-nos a doutrina cristã a necessidade de reis santos. A nós, que coroámos Nossa Senhora e que dela recebemos a certeza do dogma, deu-nos Deus a especialíssima graça de a realeza social ser de Maria e, por Ela, de Jesus.


 



«Nosso Senhor Jesus Cristo é Deus e a divindade de Nosso Senhor é a verdade central da nossa fé. Portanto serviremos a Nosso Senhor como Deus e não como um simples homem. Sem dúvida pela Sua humanidade Ele santificou-nos, pela Graça Santificante que enche a Sua Santa Alma; isto determina o respeito infinito que devemos ter pela Sua Santa Humanidade. Mas actualmente o perigo é fazer de Nosso Senhor um simples homem, um homem extraordinário certamente, um super-homem, mas não o Filho de Deus.


 


Pelo contrário, se é verdadeiramente Deus como a fé nos ensina, então tudo muda, pois sendo assim Ele é Senhor de todas as coisas e tudo resulta da sua divindade.


 


Assim, todos os atributos que a teologia nos faz conhecer de Deus: a Sua omnipotência, a Sua omnipresença, a Sua causalidade permanente e suprema relativamente a todas as coisas, a tudo o que existe, já que Ele é a origem de todos os seres, tudo isto se aplica a Nosso Senhor Jesus Cristo. Tem portanto todo o poder sobre todas as coisas; pela Sua própria natureza é Rei, rei do universo e nenhuma criatura, indivíduo ou sociedade pode escapar à Sua soberania; à Sua soberania de poder e à Sua soberania da Graça.


 


Desta primeira verdade de fé, a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, segue-se a segunda: a Sua Realeza, e especialmente a Sua Realeza sobre as sociedades, a obediência que devem ter as sociedades à Vontade de Jesus Cristo, a submissão que devem ter as leis civis com respeito à lei de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ainda mais, Nosso Senhor Jesus Cristo quer que as almas se salvem, indirectamente sem dúvida, mas eficazmente por uma sociedade civil cristã, plenamente submetida ao Evangelho e que se cumpra o seu desígnio redentor, que seja o instrumento temporal dele. Então o que será mais justo e necessário do que as leis civis se submeterem às leis de Jesus Cristo?


 


O que quer Nosso Senhor senão que o seu sacrifício redentor vivifique a sociedade civil? O que é a civilização cristã, o que é a cristandade senão a encarnação da Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo na vida de toda uma sociedade? Eis aqui o que se chama o Reino Social de Nosso Senhor, a verdade que devemos propagar hoje com a maior força possível, frente ao liberalismo.»


 


Dom Marcel Lefebvre


publicado por Afonso Miguel às 11:36 | link do post | comentar | comentários (1)
Domingo, 23.05.10

Provavelmente o pior inimigo interno

Há minutos, passei pela pouco recomendável Canção Nova que transmitia um programa que me despertou imediatamente a atenção. Um sacerdote, que me pareceu minimamente ortodoxo por estar de vestes talares, respondia desassombradamente sobre a heresia da Teologia da Libertação.


 


Chama-se Padre Paulo Ricardo e é reitor do Seminário de Cristo Rei em Cuiabá, Brasil. É também mestre em Direito Canónico pela Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, e membro do Conselho Internacional de Catequese (Coincat) da Congregação para o Clero. Lecciona teologia e filosofia e publica no Christo Nihil Praeponere. No seu site, encontrei um podcast onde aborda o mesmo assunto do programa, partindo do pensamento de Bento XVI. Pela abrangência que dá ao tema e pela clareza de ideias com que o expõe, parece-me de extrema utilidade que o ouçam. É um curto mas muito esclarecedor "tirar de máscara" àquele que é talvez o pior inimigo interno da Igreja: o marxismo pós-CVII. Basta recordar que aqueles que mais atacaram o Santo Padre a propósito dos casos de pedofilia foram senhores como Boff e Küng, ilustres teólogos da tal libertação socialista utópica que o Padre Paulo Ricardo desmonta e denuncia de forma simplesmente brilhante.

publicado por Afonso Miguel às 00:40 | link do post | comentar | comentários (1)
Terça-feira, 18.05.10

A Direita diluída

Não sei sequer se a Direita - entendida com o campo das ideias daqueles que defendem um conjunto de princípios jusnaturalistas contrários à deriva ideológica da modernidade - existe ainda. Pode ter lugar no coração de muitos, mas não se passeia nos corredores do poder político. A Esquerda - o anticristo ateísta disfarçado de grande libertador tolerante - tomou de assalto os mecanismos do exercício desse poder político e não se resignou à queda das experiências genocídas do passado. Criou outra, acolhendo o neo-liberalismo económico (fazendo-o depender do Estado) e mantendo uma ditadura do pensamento, galopante e dogmática, adversa a qualquer expressão de Cristianismo e de outras coisas que cheirem a baú e a virtude. A não ser que, claro está, nos enredemos na teia-de-aranha marxista até não mais nos conseguirmos escapar.


 


A promulgação do "casamento homossexual" (já aqui tinha justificado que até me borrifava para a concepção civil de casamento, mas o caso não deixa de ser grave) é paradigmática desta situação. Cavaco Silva, tido como homem de Direita, quiçá "conservador", apresenta-se a fazer beicinho, mas lá aprova a coisa para não "alimentar a discórdia pública" (sic). E digam lá que isto não faz lembrar os tempos idos da discussão sobre o aborto, quando a tal Direita cavaquista e pórtista (afecta ao Paulinho das feiras) bradava aos céus que o tema não devia ser trazido à baila porque, e cito de cor, "o momento não o justificava" e "há coisas mais importantes em que pensar". E agora aí temos mais uma vez do mesmo, mas de pernas para o ar: para não dizerem que empecilhava o momento com coisas que podem prejudicar o debate sobre o que "realmente importa", o Cavaco deixou passar a caravana - que os cães estão presos vai para anos.


 


O problema é que não há nada de mais importante nem urgente do que fazer a defesa da vida humana ou, como hoje, da família natural. Seja em que altura for, caia o Carmo e a Trindade, mais as Torres Gémeas e o Euro. Caia o que cair. Mas a Direita, ou aqueles que se julgam senhores de uma herança politico-filosófica que desconhecem por completo, vai argumentando que não dá jeito e que o governo quer criar manobras de diversão com determinados temas, porque não sabem patavina do que hão-de contrapor ao progressismo dos direitos que lhes coloca o comer no prato. Um pouco como um desempregado que entra na Segurança Social a reclamar com tudo e todos, mas que fecha a boca quando lhe dão o cheque para a mão.


 


Esta Direita subsidio-dependente dos postulados da Esquerda não serve. O neo-conservadorismo, pouco distinto do neo-liberalismo e de todos os "neo's" hodiernos, é a mais séria ameaça ao pensamento tradicional. Bento XVI disse no avião que o trouxe a Portugal que, actualmente, a pior perseguição à Igreja vem de dentro, dos que se dizem católicos sem viverem em Cristo. Pois bem, nada mais adequado à Tradição, que tem os inimigos mais perigosos nestes pobres reféns do iluminismo. Relativizados no lugar que lhes coube na democracia jacobina, rebaixam o que de mais sagrado existe ao mesmo patamar de tudo o resto, diluindo a Direita numa Esquerda moderada.

publicado por Afonso Miguel às 21:30 | link do post | comentar | comentários (1)
Sábado, 08.05.10

Bento XVI - o combate à ditadura do relativismo

José Manuel Fernandes escreveu um artigo interessante sobre os primeiros cinco anos do pontificado de Bento XVI. Da leitura, destaco a recordação das palavras que Ratzinger dirigiu ao colégio dos cardeais à entrada para o conclave que providencialmente o escolheu:


 



Today, having a clear faith based on the Creed of the Church is often labeled as fundamentalism. Whereas relativism, that is, letting oneself be "tossed here and there, carried about by every wind of doctrine", seems the only attitude that can cope with modern times. We are building a dictatorship of relativism that does not recognize anything as definitive and whose ultimate goal consists solely of one's own ego and desires. (Da homilia da Missa Pro Eligiendo Romano Pontifice, em Roma, a 18 de Abril de 2005)


publicado por Afonso Miguel às 22:14 | link do post | comentar
Terça-feira, 27.04.10

"Corpus Thomisticum"

Aqui.

publicado por Afonso Miguel às 16:34 | link do post | comentar

"Benedictus XVI documenta"

Aqui.

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Quinta-feira, 22.04.10

A falácia ateísta ou a inversão do ónus da prova

Não há justificação para a inexistência de Deus. Não há prova que a sustente. Não há ciência que nos desminta. Deus É e ninguém consegue afirmar o contrário.

publicado por Afonso Miguel às 22:07 | link do post | comentar
Sexta-feira, 05.02.10

Uma ideia a desenvolver

O socialismo como sistema de crenças.

publicado por Afonso Miguel às 23:51 | link do post | comentar | comentários (1)
Quarta-feira, 30.12.09

A insuficiência de um mundo que não se basta e a existência sedenta de sentido

G. K. Chesterton, in What's Wrong with the World:


 


Para alguns homens de ciência, na realidade, a maneira de vencer a dificuldade consiste em tratar apenas dos seus aspectos fáceis e, assim, chamarão instinto sexual ao primeiro amor e instinto de conservação ao terror da morte. Trata-se meramente de um salto por cima da dificuldade, análogo à descrição dum pavão verde chamando-lhe azul por ter azul nas penas. O facto da existência de um forte elemento físico, quer no idílio, quer no Memento Mori, torna ambos, se é possível, ainda mais desconcertantes do que se fossem de natureza exclusivamente intelectual. Ninguém poderá dizer rigorosamente quanto a sua sexualidade se mesclou de um puro amor de beleza ou de um infantil desejo de irrevocáveis aventuras, tais como a fuga para o mar. Ninguém pode dizer quão longe o seu medo animalesco da morte se entrelaça com tradições místicas de natureza moral e religiosa. A dança das dificuldades começa precisamente na natureza animal, mas não exclusivamente animal, destas coisas. Os materialistas analisam-lhe a parte fácil; negam-lhe a parte difícil e vão para casa tomar o seu chá.

publicado por Afonso Miguel às 00:34 | link do post | comentar
 

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