Macacos que falam


 "Creio para compreender e compreendo para crer melhor" (St. Agostinho, Sermão 43, 7, 9)


 


Este episódio efémero das bandalhices que Saramago consegue pronunciar, quiçá crer, tem trazido à televisão e aos jornais a maior diarreia verbal sobre o cristianismo a que tive oportunidade de assistir nos últimos tempos. São iluminarias de toda a espécie, comentadores acostumados à lengalenga da opinião como argumento que tem na discussão o fim último, a debitarem um sem número de inutilidades, de pontos de vista e de arrogâncias subjectivas sobre uma matéria dogmática. Tudo muito demonstrativo do estado mental decrépito que se vive em Portugal.


 


Pelo meio, fazia falta um ser humano que explicasse em meia dúzia de segundos que, para os católicos, que são os visados, a Bíblia é um conjunto de livros de redacção inspirada e exegese confiada por Deus à sua Igreja, que por sua vez é depósito da Verdade que nela é escrita e defensora da Fé que ela motiva. E será que já não há ninguém nesta terra de Nossa Senhora, que consiga dizer publicamente que se Saramago não acredita nisto o problema é dele e ponto final e que, sobretudo, tenha a coragem de afirmar que isto não é uma opinião?

publicado por Afonso Miguel às 00:50 | link do post | comentar