Nós, os porcos

Edmund Burke, in "Defesa da Sociedade Natural":



(...) A Polónia tem presentemente o nome de república, e é um dos governos aristocráticos, mas é bem conhecido que o dedo mínimo deste governo é mais pesado que o lombo do poder arbitrário na maioria das nações. Os súbditos são escravos não só politicamente, mas também enquanto pessoas, e são tratados com a máxima indignidade. A república de Veneza é um pouco mais moderada, mas mesmo aqui a opressão da aristocracia é tão pesada que os nobres obrigaram-se a enfraquecer o espírito dos seus súbditos com qualquer espécie de devassidão; negaram-lhes a liberdade da razão, mas compensaram-na com aquela que uma alma vil considerará uma liberdade mais valiosa, e não só permitiram, como os encorajaram a corromper-se da maneira mais escandalosa. Consideram os seus súbditos como um agricultor considera o porco que alimenta para o seu próprio banquete e mantém encerrado na pocilga, de modo a, permitindo-lhe rebolar-se na sua adorada imundície, chafurdar à vontade na sua voracidade. Em nenhum outro lugar se encontra gente tão escandalosamente debochada como em Veneza. (...)


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publicado por Afonso Miguel às 19:25 | link do post | comentar