Syllabus Errorum
Houvesse um sílabo de erros a ser respeitado na construção de igrejas e a de Nossa Senhora dos Navegantes, a novidade no Parque das Nações, seria uma belíssimo exemplo de tudo o que a arquitectura católica não deve ser. A par de aberrações como, entre outras, a Igreja do Sagrado Coração ou a Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Olivais, ambas em Lisboa, é este o mais recente mostrengo modernista da capital a fazer jus à institucionalização reinante da fealdade. Vista da Ponte Vasco da Gama assemelha-se a um mamarracho industrial inacabado, indigno da dedicação e das funções que lhe atribuem. Tinha eu reservas em viver em semelhante bunker de traça totalitária soviete, quanto mais em dedicá-lo a Deus. Mas o senhor Dom Manuel acha que está a condizer:
Lisboa, 31 mar 2014 (Ecclesia) – D. Manuel Clemente, patriarca de Lisboa presidiu este domingo à dedicação da igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, no Parque das Nações, e afirmou que o templo “condiz” com a “verdade da Igreja” pela sua configuração “essencialmente comunitária”.
“A verdade do templo é a verdade da Igreja e a Igreja é uma realidade essencialmente comunitária, com vários carismas dados a este e aquele, a esta e àquela para benefício do conjunto”, disse o patriarca de Lisboa à Agência ECCLESIA.
Para D. Manuel Clemente “antes de ir par ao templo material há a realidade eclesial que tem esta expressão plástica” e que neste caso “condiz” e “ quando condiz e dá um sentimento de integração, de certeza, dá força para a vida”.
Para D. Manuel Clemente, a paróquia do Parque das Nações é uma resposta ao apelo do Papa Francisco, que pede às comunidades cristãs para se organizarem e para contrariarem a “crise de compromisso comunitário”.
“Pelo facto de se reunirem na comunidade cristã, quer na dimensão sóciocaritativa, quer na catequese, quer na liturgia, nas instalações provisórias que tinham, tudo constitui uma rede que é hoje a rede social do Parque das Nações”, afirmou o patriarca de Lisboa após a celebração de dedicação da igreja de Nossa Senhora dos Navegantes.
Para D. Manuel Clemente, a paróquia do Parque das Nações “é um exemplo de como o culto cristão e a Igreja, pelo facto de ser assembleia, é um fator de união á sua volta, até para os que não são crentes ou cristãos”, sublinhou.
E não é que, vai na volta, tem razão! O pároco explica:
A igreja do Parque das Nações foi construída a partir da mensagem do II Concílio do Vaticano e os responsáveis não quiseram “impor figuras, nem modelos arquitectónicos”, mas “clarificar os modelos de Igreja” que pretendiam, disse à Agência ECCLESIA o padre Paulo Franco.
Para o pároco da Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes foi apresentado “um programa iconográfico” que está centrado numa “igreja à luz e à imagem do II Concílio do Vaticano para responder à liturgia e ao modelo celebrativo” que a assembleia magna (1962-65) preconiza.
O projeto é da autoria do arquiteto José Maria Dias Coelho que, além de um complexo paroquial, se “centrou na construção de um templo, inspirado em Nossa Senhora dos Navegantes e nos Oceanos, que foi o tema da Expo 98, em cujo território nasceu a nova freguesia do Parque das Nações”.
Preparada para acolher quase 700 pessoas, a igreja apresenta “uma arquitetura circular, pensada e executada como casa e escola de comunhão”, onde “a disposição dos espaços e da assembleia, convergem para o que deve ser o seu centro: o altar, centro da ação Litúrgica da Eucaristia”.
“É impossível, neste espaço sem se sentir participante na própria liturgia” porque “quase que não há recanto para estar em silêncio”, acrescentou o padre Paulo Franco.
Lex orandi, lex credendi.