Notícia do JN. Destaque a negrito é meu:
A estátua ao cónego Melo, instalada no sábado na cidade de Braga, foi vandalizada durante a última noite, com as palavras "fascista" e "assassino" pintadas a vermelho no pedestal.
Foi ainda atirada tinta azul para o monumento, que atingiu a própria estátua.
Na segunda-feira, uma centena de pessoas concentrou-se junto à estátua e exigiu a sua remoção, alegando que o homenageado era "um admirador confesso do Estado Novo e do ditador Oliveira Salazar".
Os manifestantes colaram no pedestal uma "biografia" do cónego Melo em que sublinham a alegada "simpatia" do sacerdote por movimentos de extrema-direita.
"[O cónego Melo] ficaria conhecido, após o 25 de Abril, por ter apoiado organizações de extrema-direita, apostadas no derrube do regime democrático, através de ações armadas que vieram a acontecer, com relevantes danos e vítimas humanas, e às quais deu cobertura moral e operacional", lê-se.
O documento refere ainda que o homenageado era "bem relacionado com os poderes económico e político locais", tendo primado a sua ação "como intermediário de interesses privados" e usado a sua "capacidade de influência em favor dos amigos e daqueles que lhe eram subservientes".
Carlos Silva, professor universitário e um dos rostos da contestação, acusou ainda o cónego Melo de ter orquestrado "ataques a sedes de partidos democráticos, como o PCP, de sindicatos e de outras organizações de esquerda".
O representante lançou o apelo aos que discordam da estátua para "cuspirem em sinal de desprezo, mesmo que seja com compreensíveis palavrões, à boa maneira minhota".
A estátua, que estava pronta há 10 anos, foi colocada no sábado numa rotunda da cidade de Braga, numa iniciativa de um grupo de cidadãos para homenagear aquele que foi vigário geral da arquidiocese durante mais de três décadas.
Na câmara, a instalação da peça foi aprovada com os votos favoráveis do PS e com a abstenção dos vereadores eleitos pela coligação Juntos por Braga.
Na contestação à estátua, têm tido particular protagonismo o PCP e o Bloco de Esquerda.